Mesmo sem recursos o SUS é o herói na pandemia da Covid-19
Publicado em 3 de dezembro de 2020, às 18h06
No início do mês de novembro de 2020 a Agência IBGE Notícias (PNAD), publicou que a taxa de desocupação no Brasil chegou a 14,6%, no terceiro trimestre do ano, uma alta de 1,3 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior (13,3%). Essa é a maior taxa registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, e corresponde a 14,1 milhões de pessoas. Ou seja, mais 1,3 milhão de desempregados entraram na fila em busca de um trabalho no país. E enquanto o trabalho não chega para mais de 14 milhões de brasileiros (as), os números de desalentados (pessoas em situação de trabalho sem vínculo empregatício e sem seguridade social) crescem junto com outros números gritantes da desigualdade social.
A desigualdade social fez o número de desabrigados crescer nas inúmeras cidades do Brasil. São milhões de famílias sem teto, onde nenhum membro da família tem emprego. Sem trabalho, sem teto, sem comida e no meio de uma pandemia da Covid-19, vemos o mapa da fome crescer de forma tão exponencial quanto o contágio pelo novo vírus (mais de 170 mil brasileiros (as) mortos pela Covid-19). No período da quarentena e das recomendações para que se fique em casa, muitos não podem ter a prerrogativa de fazer o isolamento social. São os milhares de moradores que vivem nas ruas das cidades brasileiras e não possuem esta escolha. Eles se encontram dentre os mais desprotegidos para enfrentar a infecção pelo novo coronavírus.
Antes da pandemia do coronavírus (2019), segundo o IBGE, 7 a cada 10 brasileiros (as) já dependiam única e exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para qualquer tipo de tratamento. Em 2019 houve um aumento de 28,3% na procura pelo serviços públicos de saúde, são mais de 150 milhões de brasileiros (as) dependentes do SUS para tratar e prevenir a saúde.
Mesmo o SUS sendo um modelo de referência internacional de assistência à saúde universal e integral, com o aumento exponencial pela procura do sistema de público de saúde, na pandemia da Covid-19, associado a profunda crise econômica e a cruel retirada de recursos por parte dos governos formou um conjunto de impactos desastrosos na assistência clínica e na infraestrutura dos serviços públicos em saúde.
O caos sanitário:
Só em 2017 (Emenda Constitucional EC 95/16 “PEC da Morte do SUS”), o governo bloqueou cerca de 42 bilhões de reais com gastos públicos. Segundo o Conselho Nacional de Saúde só em 2019 o SUS perdeu 20 bilhões em investimentos na saúde pública.
A ineficiência na administração destes recursos (unidades de saúde terceirizadas – Organizações Sociais – OS), que demite trabalhador@s em massa e depois contrata menos da metade destes profissionais da saúde, com salários cada vez mais baixos, causando adoecimento físico e mental devido à sobrecarga de trabalho e o aumento de casos da covid-19.
Os ataques permanentes do Governo Federal na Atenção Primária (Nota Técnica 3/2020, que fechou 287 unidades do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) em 213 municípios brasileiros), a Lei Complementar 173/20, que congelou qualquer tipo de gratificações para os trabalhador@s da saúde, dificultando o diálogo com os gestores da saúde pública.
E em plena pandemia da Covid-19 (mais de 170 mil vítimas do coronavírus) o Presidente Jair Bolsonaro envia para o Congresso Nacional o Decreto 10.530/20 abrindo concessões e transferindo para a iniciativa privada a operação dos postos de saúde pública. Se não fossem os partidos de oposição no Congresso, os sindicatos e as entidades de saúde públicas, a saúde brasileira teria deixado de ser gratuita e universal para se tornar paga.
O SUS:
Neste momento tão difícil (pandemia da Covid-19) foi do SUS e de quem nele trabalha, que vieram o amparo e o tratamento para milhões de brasileiros (as) em todo território nacional. Este fato aumentou a confiança da população brasileira no SUS.
“Entre julho de 2019 e setembro de 2020, o SUS cresceu onze pontos no Índice de Confiança Social (ICS) – uma pesquisa nacional feita desde 2009 pelo Ibope Inteligência, e divulgada na Piauí em primeira mão. A confiança no sistema de saúde chegou ao seu patamar mais alto em doze anos a despeito de o ministro da Saúde confessar que não conhecia o SUS antes de tomar posse, de o governo não executar integralmente as verbas orçamentárias para o setor e de o presidente Jair Bolsonaro ter assinado um decreto – depois revogado – que abria as portas para a privatização do Sistema Único de Saúde.” (Revista Piauí, em 26 de novembro de 2020)
https://piaui.folha.uol.com.br/confianca-no-sus-tem-crescimento-recorde-na-pandemia/
Mesmo sendo considerado o herói pela povo brasileiro, o SUS, agoniza com a falta de financiamento e as tentativas desenfreadas do governo em torna-lo privado (Reforma Administrativa).
Vamos todos que defender o SUS.