ESTADO: Secretaria de Saúde diz ter encontrado Hurso em estado “preocupante” e “aterrorizador”
Relatório da Comissão Especial de Transição da Secretaria de Estado da Saúde (SES) produzido nos últimos dias da gestão da organização social que administra o Hospital de Urgência da Região Sudoeste (Hurso), localizado em Santa Helena de Goiás, apontou que o hospital vivia um “cenário preocupante e aterrorizador”. O Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH) vinha administrando a unidade mas, no fim de dezembro, decidiu rescindir o contrato com a SES.
O Hurso foi um dos hospitais terceirizados pelo Governo de Goiás com o discurso de que esse modelo de gestão iria melhorar e ampliar os atendimentos hospitalares para a população. Entretanto, a realidade da terceirização tem sido outra.
Medicamentos e insumos
De acordo com o documento da SES, “a primeira irregularidade grave auferida foi em relação ao desabastecimento de diversos medicamentos e insumos essenciais à continuidade do serviço e assistência aos pacientes”.
Em conformidade com as denúncias apontadas pelo Sindsaúde, o relatório alertou para problemas ocasionados pela falta de insumos, uma vez que comprometiam a segurança da assistência aos pacientes já que era preciso cancelar ou adiar procedimentos elevando os riscos de enfermidades e prologando o tempo de internação.
Faltou alimentação
Sem medicamentos, sem insumos e sem alimentação. O relatório apontou ainda que os pacientes e servidores do Hurso “estavam famintos, o que escancarava mais ainda as irregularidades e deficiências de gestão” e que “apresentavam semblante de desespero, apreensão e aflição, o que acabava, consequentemente, refletindo nos pacientes”.
Equipe insuficiente
O hospital, sequer, tinha equipes suficientes para dar conta do atendimento. “Foi identificado por esta Comissão que a escala de médicos estava “em aberto”, o que gerava falta de profissionais na unidade, até mesmo na UTI Pediátrica”. O documento relata ainda que “profissionais estavam esgotados e não queriam mais colaborar com a cobertura das escalas, pois não tinham segurança quanto ao pagamento dos plantões que por meses não recebiam o salário”.
Jaraguá e Pirenópolis
Situação semelhante foi encontrada, de acordo com a SES, no Hospital Estadual de Jaraguá Dr. Sandino de Amorim (Heja) e no Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime (HEELJ), localizado em Pirenópolis que também eram geridos pelo IBGH.
Em janeiro desse ano, a organização social foi alvo de uma operação da Polícia Federal por indícios de direcionamento na escolha de fornecedor e superfaturamento na gestão do Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime, em Pirenópolis.
Com base no histórico de escândalos envolvendo as organizações sociais em Goiás e em outros estados, o Sindsaúde alerta para a necessidade da SES assumir a gestão dos hospitais estaduais e abandonar a gestão terceirização, uma vez que, até o próprio Ministério Público questiona o modelo. “Defendemos que os interesses mercantilistas não podem se sobrepor ao direito à saúde pública e por isso defendemos a realização de concurso público e a gestão direta dos hospitais públicos como forma dar mais segurança ao trabalhador e aos usuários do SUS“, justifica o presidente do Sindsaúde, Ricardo Manzi.
O relatório da Comissão Especial de Transição da SES contendo todos os detalhes sobre a situação dos três hospitais geridos pelo IBGH foi publicado na edição do Diário Oficial de terça-feira (26). Veja aqui.