O desafio persistente da desigualdade racial de rendimentos no Brasil

 O desafio persistente da desigualdade racial de rendimentos no Brasil

No Brasil, embora os negros representem a maior parte da força de trabalho, seus rendimentos médios continuam 40% abaixo aos dos trabalhadores não negros. Dados divulgados nesta terça-feira (19) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) apontam que, apesar de alguns avanços, a desigualdade racial de rendimentos permanece um problema estrutural no país.

A desigualdade racial de rendimentos refere-se às diferenças salariais entre grupos raciais, abrangendo salários, benefícios e outras formas de remuneração. Essa disparidade se manifesta tanto em empregos formais quanto informais, no setor público e privado, e é influenciada por uma combinação de fatores históricos, sociais e econômicos.

Mesmo com o amparo de leis contra a discriminação, muitos trabalhadores negros ainda enfrentam barreiras significativas no acesso a oportunidades de emprego, promoções e salários mais altos. Dados revelam que, mesmo com ensino superior, os negros ganham, em média, 32% a menos do que os não negros com a mesma qualificação. Essa diferença, que persiste mesmo após a implementação da Lei de Cotas, resulta em uma perda acumulada de cerca de R$ 899 mil ao longo da vida profissional de um trabalhador negro – um valor que chega a R$ 1,1 milhão entre aqueles com nível superior.

Além das disparidades salariais, a segregação também é visível nos cargos de liderança e nas profissões mais bem remuneradas. Um em cada 48 homens negros ocupa uma posição de liderança, enquanto a proporção entre os não negros é de um para cada 18. Entre as mulheres negras, a realidade é ainda mais dura: uma em cada seis trabalha como empregada doméstica, e o rendimento médio das domésticas sem carteira assinada é de R$ 461 abaixo do salário mínimo.

Nos dez setores mais bem pagos, os negros representam apenas 27% dos trabalhadores. Em contrapartida, ocupam 70% das vagas nas dez profissões com menores salários. Esses dados expõem uma realidade alarmante e reforçam a persistência da desigualdade racial no Brasil.

A luta contra a desigualdade racial de rendimentos demanda não apenas políticas públicas mais eficazes, mas também mudanças profundas na cultura organizacional das empresas e um avanço na inclusão social e educacional. Nesse contexto, o Dia da Consciência Negra, celebrado nacionalmente em 20 de novembro, ganha ainda mais relevância. O Sindsaúde persiste na luta contra a discriminação racial no mercado de trabalho, defendendo a igualdade de oportunidades para todos os trabalhadores, independentemente da cor ou etnia.

Leia aqui o boletim especial do Dieese – 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra

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