TERCEIRIZAÇÃO! Médicos do Hugo denunciam atraso de salário e falta de condições de atendimento e de trabalho
O Sindsaúde recebeu, de médicos do Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (HUGO), denúncia sobre atraso de pagamento de salário, falta de condições de trabalho e de atendimento aos pacientes. As denúncias são graves e serão levadas pelo Sindsaúde-GO ao Ministério Público e Ministério Público do Trabalho.
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Durante reunião com a direção do Sindicato, os profissionais denunciaram que médicos – prestadores de serviços que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) II, III, IV – e equipe de neurocirurgia e neurologia clínica do Hugo estão há 2 meses sem receber salário.
Os profissionais informaram que vão procurar o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (CREMEGO) e alertaram que, diante da situação, o corpo clínico das UTIs pretende tomar ações mais drásticas inclusive reduzindo a prestação de serviço.
Os relatos dão conta de que, a cada troca de gestão, os trabalhadores ficam sem receber os últimos meses de trabalho e que o histórico de calotes é constante.
Desde janeiro desse ano, o Hugo é administrado pelo Instituto CEM. A antiga organização social (INTS) que administrava o hospital desistiu do contrato no fim do ano passado. O Instituto CEM é a quarta organização social a passar pelo Hugo em 10 anos.
Atendimento
Os relatos recebidos pelo Sindicato alertam ainda para a falta de aparelhos e equipamentos importantes para a plena recuperação dos pacientes, tais como dispositivos de compressão pneumática. Esse problema enfrentado no Hugo pode aumentar significativamente o risco de eventos tromboembólicos em paciente com contraindicação a uso de heparina.
De acordo com a denúncia, também faltam equipamentos de ultrassom e equipamentos de monitorização hemodinâmica de débito cardíaco e pressão intracraniana o que dificulta a realização do atendimento necessário aos pacientes.
Considerado um dos maiores hospitais de urgência e emergência de Goiás, o Hugo recebe pacientes de todos os municípios do estado goiano. Com a promessa de melhoria após a terceirização, a instituição continua sendo alvo de grandes queixas de trabalhadores e pacientes, sem garantir aumento do acesso dos usuários ao serviço e nem melhoria da qualidade da assistência.
Descaso
Não é somente a falta de equipamentos indispensáveis para um bom atendimento e diagnóstico dos pacientes que preocupa. As denúncias apontam que a conduta da gestão do Hugo também estaria interferindo de forma preocupante no atendimento dos internos.
Para os funcionários, tem havido desrespeito da Diretoria do Hospital em relação à conduta médica ao impor alta precoce de pacientes, deixar de regular pacientes quando necessário, limitar a quantidade de tomografias realizadas e interferir até na indicação do uso de contraste, por exemplo.
“Consideramos as denúncias gravíssimas! Já encaminhamos ao secretário Estadual de Saúde e ao Instituto CEM o pedido para intervir na regularização do pagamento desses trabalhadores e na solução dos demais problemas. O Sindicato também irá formalizar as denúncias ao Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Estadual (MPE) e Conselho Estadual de Saúde para sejam averiguadas e para que as providências sejam tomadas”, explica a secretária Geral do Sindsaúde, Flaviana Alves.
Terceirização
“O Sindsaúde sempre se posicionou contra o modelo de gestão terceirizada por considerá-lo, além de fator precarizante, ineficiente e frágil quando se trata de transparência. Como alternativa, defendemos a gestão direta dos hospitais feita pela Secretaria de Saúde com servidores concursados e com mais investimentos de modo a garantir mais segurança ao trabalhador e aos usuários do SUS” enfatiza a presidente em exercício do Sindsaúde-GO, Néia Vieira.