Em Goiânia, salas de vacinação estão fechadas há quatro meses
A crise na rede municipal de saúde de Goiânia tem atingido gravemente o atendimento à população. Com a precariedade que já se arrasta há meses, cerca de 20 salas de vacinas estão fechadas e várias outras operam parcialmente, deixando a população sem assistência adequada e obrigando muitos a peregrinarem por diferentes unidades de saúde em busca de imunização.
Entre as unidades mais afetadas está o Centro de Saúde do Residencial Eli Forte em que a sala de vacinação não funciona há quatro meses porque não há servidores suficientes. No Centro de Saúde da Família Andreia Cristina, a situação é parecida. Há pelo menos quatro meses, a população não consegue atendimento para vacinação porque a conservadora está danificada.
Outras unidades, como o Centro de Saúde do Parque Amazônia, funcionam de forma limitada, operando apenas no turno da manhã, enquanto no Centro de Saúde da Família do Cachoeira Dourada, o serviço está totalmente inoperante.
Déficit de profissionais
Em grande parte, a falta de profissionais como enfermeiros e técnicos de enfermagem, bem como à ausência de manutenção adequada dos equipamentos de conservação das vacinas têm sido os responsáveis pelo agravamento da crise em meio aos esforços para aumentar a cobertura vacinal para prevenir a H1N1 (gripe). Unidades como o Ciams do Novo Horizonte e o Centro de Saúde da Família Vale dos Sonhos enfrentam problemas devido ao déficit de servidores, situação que se agrava já que, para o funcionamento básico de uma sala de vacina, é necessário ao menos dois profissionais: um responsável pela triagem e outro para a aplicação da vacina.
No Centro de Saúde da Família do Ville de France, além da falta de pessoal, a precariedade atinge os equipamentos de conservação. O ar-condicionado da unidade está quebrado há meses, comprometendo a manutenção adequada da temperatura das vacinas, essencial para a eficácia dos imunizantes. “O pessoal que faz a manutenção das conservadoras de vacinas não vem há mais de seis meses, o contrato está suspenso”, relatou uma trabalhadora, que preferiu não se identificar. Ela ainda relatou que o ar-condicionado já foi condenado três vezes e precisa ser substituído, mas até o momento, a situação não foi resolvida.
No Centro de Saúde do Jardim Vila Boa, a conservadora (geladeiras) de vacinas está com problemas há mais de dois meses. Já na Unidade de Saúde da Família do Novo Planalto, a sala de vacinas está fechada por conta da queima da conservadora e pela falta de profissionais, situação semelhante à da Unidade de Saúde da Família do Finsocial, onde a vacinação só funciona duas vezes por semana, e apenas no período da manhã, devido à falta de pessoal.
A presidente do Sindsaúde, Néia Vieira, lembra que o Sindicato vem denunciado frequentemente a falta de profissionais de saúde para a atender a demanda da população. Atualmente, o déficit de servidores na rede municipal de saúde de Goiânia já ultrapassa os 3 mil trabalhadores.
Vale ressaltar que há um concurso público vigente, realizado em 2022, que ofereceu vagas para profissionais da enfermagem. Diante desse cenário, o Sindsaúde tem defendido a convocação, inclusive do cadastro reserva, para suprir a demanda atual e ajudar a evitar o colapso total da saúde.
Falta de segurança
Além da dificuldade de acesso à imunização, a crise nas unidades de saúde tem gerado situações de violência e agressão contra os profissionais. Uma servidora relatou que os trabalhadores chegaram a solicitar a presença da Guarda Municipal para garantir a segurança, após episódios de agressões por parte de usuários revoltados com a falta de atendimento. “Nós estávamos sendo agredidos, a situação ficou insustentável”, contou outra trabalhadora.
“Essa situação coloca em risco não apenas a saúde da população, mas também a segurança dos trabalhadores, que enfrentam condições cada vez mais adversas na rotina de trabalho. A inoperância das salas de vacinas em Goiânia é um reflexo da falta de gestão e planejamento da administração municipal, que tem permitido que problemas estruturais, como a falta de manutenção e a carência de profissionais, cheguem a um nível crítico”, alerta a presidenta do Sindsaúde, Néia Vieira.