No COE estadual, Sindsaúde discute vacinação de grupos prioritários
Como integrante do Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde Pública de Goiás para Enfrentamento ao Coronavírus, o Sindsaúde tem levantado questões sobre o programa estadual de vacinação e o seu cumprimento em relação aos grupos prioritários. O retorno às aulas presencias nas escolas públicas também foi discutido durante reunião no último dia 3. Veja a entrevista com a vice-presidente do Sindsaúde e membro do COE estadual, Néia Vieira.
Quais são as principais falhas apontadas pelo Sindsaúde em relação à vacinação em Goiás?
Há um plano estadual de vacinação determinando como grupos prioritários, os profissionais de saúde da linha de frente, os idosos, pessoas com deficiência sob o cuidado de instituições e indígenas aldeados. O ocorre que com a descentralização para os Conselhos de Classe, outros profissionais, além dos da linha de frente do atendimento à Covid, poderiam ter acesso à vacinação antes dos grupos prioritários. Não somos contra o plano estadual de vacinação desde que ele seja cumprido e garanta de fato que aqueles que têm mais necessidade recebam em primeiro lugar até que tenha a possibilidade de vacina para todos.
De que forma o Sindsaúde defende que seja feita a vacinação?
O ideal é que nós tivéssemos vacina para toda a população e não apenas os profissionais de saúde na linha de frente e para os demais grupos de risco. Gostaríamos que todos os trabalhadores e a população em geral pudessem se vacinar. Entretanto, sabemos que estamos lidando com a escassez de vacina e por isso foi preciso eleger grupos prioritários.
Quais foram as justificativas apresentadas no COE para liberar a vacinação para os conselhos?
A coordenação de Imunização do Município de Goiânia alegou que era necessário democratizar o acesso aos profissionais e por isso, contou com o auxílio dos conselhos como forma de agilizar esse processo.
Qual é a crítica do Sindsaúde a essa descentralização?
A nossa crítica é que a única exigência dos conselhos era a apresentação da carteira profissional, de um contracheque e do comprovante de endereço, o que possibilitou que qualquer profissional, mesmo não estando na linha de frente, pudesse se vacinar.
A execução do plano de vacinação é atribuição apenas da Secretaria de Saúde?
O plano estadual é uma orientação aos municípios de como garantir acesso à vacinação aos grupos prioritários, pela fato de não haver vacina para todos. Isso implica em estabelecer parcerias e diálogo com os conselhos e a sociedade civil, o que pode interferir na forma como as ações são organizadas.
Como você avalia o retorno às aulas presenciais?
Foram apresentados alguns estudos realizados na Europa e Estados Unidos apontando que a volta às aulas interfere muito pouco no aumento do número de casos. Entretanto, é essencial que se cumpram os protocolos estabelecidos de distanciamento, utilização de álcool gel e uso de máscaras. Caso não seja possível cumprir essas determinações, não se recomenda o retorno às aulas. A nossa preocupação é de que nem todas as escolas públicas tenham condições de cumprir os protocolos estabelecidos.
As reuniões do COE são deliberativas?
As reuniões do COE são consultivas e deliberativas e servem como orientação para o gestor. O COE delibera e o gestor determina se acata ou não essa deliberação.
Como são realizadas as reuniões do COE?
As reuniões do COE acontecem semanalmente. Nelas são avaliados o contexto, o cenário e as providências a serem tomadas em relação à pandemia de Covid-19.
Qual é a composição do COE?
O COE reúne representantes de alguns municípios e Estado, além de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, representantes do Ministério Público Estadual e Federal, sindicatos da Saúde e Educação, Infraero, Cremego, CorenGO, APHACEG, entre outros.